Professores fazem greve, são agredidos na Alesp, mas não impedem aprovação da reforma da previdência

Por REDAÇÃO 03/03/2020 às 20:33


Levantamento da Subsede da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) em Piracicaba, mais de 30% das 68 escolas estaduais de Piracicaba e região, pertencentes à Diretoria Regional de Ensino, tiveram paralisação total na greve dos professores, sendo que a maioria dos demais estabelecimentos teve paralisação parcial nesta terça-feira, 03 de março, mas mesmo toda esta mobilização não foi suficiente para impedir a aprovação da PEC 18/2019, do governador João Doria (PSDB), que estabelece a reforma da previdência estadual. Milhares de professores e servidores públicos de outras categorias, de diversas partes do Estado, inclusive de Piracicaba, foram a São Paulo no início do dia, para acompanhar a votação em segundo turno na Assembleia Legislativa de São Paulo e acabaram sendo recebidos com violência pela PM, que usou gás de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo, gerando revolta por deputados opositores à reforma, entre eles a presidenta da Apeoesp, a Professora Bebel (PT), que logo cedo os recebeu na frente da Alesp, onde aconteceu ato público.

A PEC  18/2029 acabou sendo aprovada por 59 votos a 32, com voto contrário da Professora Bebel e favoráveis dos deputados Roberto Morais (Cidadania) e Alex Madureira (PSD), ambos com domicílio eleitoral na cidade, o que provocou inúmeros protestos contra os dois parlamentares nas redes sociais. “A expectativa era de que mudassem os votos, em relação ao primeiro turno, quando a PEC foi aprovada com 57 votos favoráveis (o mínimo exigido), uma vez que diversos professores os procuraram nos últimos dias”, disse Leonor Peres, diretora estadual da Apeoesp, que ressaltou a importância da mobilização da categoria contra mais este ataque do governo estadual contra os servidores estaduais.

A deputada Professora Bebel diz que a sessão de votação da PEC foi “uma demonstração de truculência, repressão e desrespeito ao funcionalismo. Para aprová-la, os governistas fizeram uso da tropa de choque da PM, que reprimiu manifestantes dentro e fora da Assembleia, escrevendo um dos capítulos mais tristes e menos democráticos dessa que deveria ser a casa do povo. Em número de mais de 20 mil pessoas, os servidores públicos, com destaque para professores, pessoal da saúde, da segurança, do judiciário e de outras categorias, chegaram a parar a avenida Pedro Álvares Cabral, em frente à ALESP, antes de serem dispersados pelo uso de balas de borracha, gás lacrimogêneo e golpes de cassetetes e de escudo pela tropa de Doria”, ressalta a parlamentar.

Bebel diz que é inaceitável que o governador Doria alegue que com a reforma da Previdência estadual irá “economizar” R$ 32 bilhões em 10 anos. É que no ano passado o governo estadual concedeu isenções a empresários de aproximadamente R$ 23 bilhões, enquanto que para este ano o montante de isenção deva atingir R$ 24,6 bilhões.

O QUE MUDA -  A PEC aprovada muda a alíquota de contribuição previdenciária dos servidores estaduais e amplia a idade para a aposentadoria. Agora, a idade mínima da mulher servidora para se aposentar passa dos 55 para 62 anos, e de 60 para 65 anos no caso dos homens. No caso do magistério, passa de 50 anos para 57 anos (professoras) e de 55 para 60 anos (professores).

De acordo com a deputada Professora Bebel, a forma de cálculo da aposentadoria mudará também. “Vamos receber apenas 60% do valor integral. Teremos que trabalhar 40 anos para termos o salário integral. Já a alíquota de contribuição obrigatória dos servidores ao regime de aposentadorias será elevada de 11% para 14%”, diz.

Com a reforma, um servidor estadual com salário mensal de R$ 2.585, por exemplo, atualmente contribui com 11% para a SPPrev, ou R$ 284,30. Com a reforma, passará a pagar R$ 361,90 – ou R$ 77,55 a menos no valor do holerite. A regra vale para todos os servidores, independentemente da função.

A deputada Professora Bebel ressalta ainda que as pensões devidas a dependentes de servidores também serão drasticamente reduzidas. “Hoje, cônjuge e filhos menores de 18 anos recebem 100% do salário do servidor falecido, sendo metade desse valor ao primeiro e a outra metade dividida entre os descendentes. Quando estes atingem a maioridade, os proventos passam a ser direcionados integralmente ao cônjuge. Com a aprovação, a pensão será igual a 50% da aposentadoria do servidor, paga como cota familiar, e até mais cinco cotas de 10% cada, variando conforme o número de dependentes. No entanto, se o cônjuge não tiver filhos, terá acesso somente a 60% do total dos proventos, sendo 50% dessa cota familiar e mais 10% de sua cota pessoal”, ressalta a deputada e presidenta da Apeoesp.

Servidores estaduais em manifestação na Alesp