Jogo Mortal e Criminoso - Desafio da Baleia Azul

Por Ana Carolina Carvalho Pascoalete 20/04/2017

Jogo que vem ganhando a popularidade e chamando a atenção de todos na internet e no mundo. Recentemente no Brasil, a imprensa divulgou duas mortes atribuídas ao jogo baleia azul (blue whale), uma jovem de 16 anos do mato Grosso e um jovem de 19 anos de Minas Gerais. Outros dois casos, sendo um na Paraíba e outro no Rio de Janeiro também estão em investigação, suspeitos do jogo em questão.

Autoridades da Rússia, país que o jogo foi criado, fizeram um alerta para todo o mundo e divulgaram vídeo contra o suicídio infantil.

Como o desafio da baleia azul passou em pouco tempo a ser um problema mundial, a direção de escolas de países europeus como França, Inglaterra e Romênia, têm alertado as famílias e seus alunos sobre esse jogo na internet e a atenção que os pais precisam direcionar aos comportamentos dos filhos. Esse jogo entra nos lares, por intermédio de um convite secreto pelo facebook para as crianças e adolescentes participarem de um grupo fechado e, nesses grupos, instrutores passam desafios aos novos jogadores. E o que parece um jogo inocente, pode tornar-se mortal.

A lista de tarefas inclui; escrever o nome daquele grupo na mão com objetos que geram ferimento, cortar o próprio lábio, se arriscar no alto de um edifício, desenhar uma baleia no corpo com faca ou gilete, pintar o cabelo, passar horas ouvindo músicas psicodélicas, passar vinte quatro horas assistindo filmes de terror, são alguns dos cinquenta desafios, sendo que o último é eliminar a própria vida. Os administradores do game passam as ordens sempre às 4h20 e os participantes enviam fotos e vídeos após a realização das tarefas para mostrar que as missões foram concluídas. Não é possível que o participante desista do jogo e, se tentar desistir, acaba sofrendo ameaças do administrador que se estende também aos familiares do participante.

O crime cometido pelos criadores e administradores é de induzimento ou instigação ao suicídio. São cibercriminosos e estão utilizando o poder da internet para influenciar crianças e jovens a cometer suicídio.

Porque uma criança ou um adolescente teria o interesse ou a curiosidade de participar de um jogo assim? É como se abraçasse o desafio para criar coragem de chegar ao ato definitivo, a última missão de sua existência.

Os casos registrados de suicídio são; por asfixia, se atirar em frente ao trem, se jogar do alto de um edifício, afogamento, onde alguns desses jovens antes de finalizarem o game, postaram uma imagem da baleia azul, registrando o fim do jogo ou deixando cartas de despedidas.

Esse jogo é um alerta para que os pais fiquem atentos aos seus filhos, pois os mesmos podem mudar o rumo da repercussão mundial desse jogo.
Os jogos que sugerem desafios, a cada etapa concluída tende a fazer com que as crianças e adolescentes sintam-se valorizados e com poder. Qualquer adolescente pode sentir curiosidade para conhecer o jogo, porem os mais suscetíveis a participar, tendem a ser os que apresentam maior predisposição a problemas e conflitos emocionais ou tendências a distúrbios mentais.

Cabe aos pais serem presentes na vida de seus filhos, acompanhando sua rotina, estabelecendo regras e limites como: determinação de tempo para passar na frente da televisão jogando vídeo game, conteúdo pesquisado na internet, grupos de interesse nas redes sociais, amigos de convivência, inclusive, proibir certos comportamentos como deixar os filhos passar as noites em claro, ou virar o dia na frente da televisão.

Os pais precisam se conscientizar do seu papel na educação dos filhos e prestar atenção a comportamentos que não são saudáveis entre eles: inibição social, tristeza por tempo prolongado, queixas frequentes de solidão, falta de atenção da família, conflitos nos relacionamentos, euforia, bipolaridade. É fato, crianças e adolescentes felizes se socializam, se relacionam com a família, tem amigos, gostam de verbalizar sobre si, sobre acontecimentos, conquistas e sonhos.

O jogo baleia azul, por meio de missões estrategicamente elaboradas pelos administradores com o intuito de torturar crianças e adolescentes deixando -os em estado de perturbação, estimulam esses jovens ao seus limites para dor, com os ferimentos, fase de confusão com a privação de descanso e sono, pressão emocional, em não poder desistir do jogo, ameaças, quanto a identidade descoberta do participante e de seus familiares. Podendo ser um gatilho na destruição do ego, consciência do jovem, levando-o a romper com a realidade, já que o fim da infância e início da adolescência tende a ser uma fase de maior vulnerabilidade, sugerindo assim um estado psicótico, e enfim, trona-se mais fácil induzir a pessoa ao suicídio.

Os pais precisam ter voz ativa com os filhos no processo de educação e se perceberem algo de errado e for necessário, tem que pedir ajuda profissional.

Ana Carolina Carvalho Pascoalete, Psicóloga e Psicanalista Clínica, Pós Graduada em Psicoterapia de Crianças e Adolescentes e Psicopedagoga em Educação Terapêutica. CRP 06/73144.