
Com o objetivo de tornar os programas de pós-graduação mais
flexíveis, com conteúdo mais moderno e atividades externas, para atrair mais
estudantes, as seis universidades públicas paulistas querem adotar mudanças na
estrutura do modelo de seus cursos já em 2025. O projeto vale para as
instituições com notas 6 ou 7 na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes).
Para a implementação do projeto, um protocolo de intenções
foi assinado entre a Capes, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (Fapesp), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista
(Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Universidade Federal
de São Carlos (UFSCar).
Segundo o presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, a
pós-graduação no Brasil vive um momento de crise com uma queda expressiva no
número de graduados e de novas inscrições. “O número de titulações do mestrado
e do doutorado na USP, por exemplo, caiu respectivamente 15% e 10%. Na mesma
USP houve uma redução de 20% a 30% do número de novas matrículas no mesmo
período. E essa busca pela pós-graduação que ocorre em São Paulo se reflete no
resto do país”.
Zago avalia que os motivos são diversos, como um movimento
amplo dos jovens que estão se afastando do ensino superior por desilusão quanto
ao ensino universitário e com a competência que acrescenta ao indivíduo. Outro
fator, para a pouca procura, é a dependência de bolsas de estudo, que têm
valores abaixo do necessário para que o estudante se mantenha apenas estudando.
“Excluindo o estado de São Paulo, onde há forte apoio para a
ciência, houve uma redução muito grande dos recursos para os institutos de
pesquisa e universidades tanto para a manutenção como para a criação de
laboratórios competitivos. Então, muitos dos nossos jovens que querem ter um
futuro na ciência procuram ir embora do país”, ressaltou.
O presidente da Fapesp disse que ao longo dos anos a
pós-graduação foi se “complicando” burocraticamente com a criação de
disciplinas teóricas, exigindo créditos e atividades adicionais que, na
avaliação de Zago, nada tem a ver com a essência da pós-graduação, que deve ser
um treinamento essencialmente ligado ao método científico.
“E esse ensinamento será útil para as atividades futuras,
seja como docente de universidade, seja como pesquisador em um instituto de
pesquisa, seja nas empresas promovendo pesquisa e desenvolvimento. E apesar de
o tempo ter aumentado em 10 anos não houve aumento da qualidade”.
Para o presidente da Fapesp, entre as medidas para atrair os
estudantes está o aumento do valor das bolsas, com pagamento de Previdência
Social; a redução no tempo de graduação e diminuição da burocracia, com a
criação de modelos competitivos.
“Precisamos, de novo, simplificar. O que se espera com esse
acordo é que o aluno entre para o mestrado e, durante um ano, ele aprenda o
método científico, prepare uma proposta, um projeto, e no final desse tempo ao
menos 30% dos alunos que entraram no mestrado passem já para o doutorado.
Portanto, o doutorado seria obtido num prazo de 5 anos, o que é razoável”,
ressaltou Zago.
O acordo assinado com as universidades prevê que, às que
aderirem ao programa, a Capes se comprometa a conceder a bolsa de doutorado aos
alunos bolsistas de mestrado que optarem pela mudança de nível, e uma bolsa de
pós-doutorado para os programas que efetivarem uma ou mais mudanças de nível de
mestrado para doutorado. Já a Fapesp se compromete a complementar o valor das
bolsas de doutorado e de pós-doutorado concedidas pela Capes, para fazer a
equiparação ao valor oferecido por suas bolsas equivalentes.