30/07/2018 às 17:54:00
A Defesa Civil de Santa Bárbara d’ Oeste atuou em mais de 20
ocorrências de incêndio e queimadas, em auxílio ao Corpo de Bombeiros, no período
de maio a julho deste ano, desde que iniciou a Operação Estiagem 2018, que vai
até 30 de setembro, podendo ser prolongada se necessário. As ocorrências foram
registradas em áreas de vegetação e em canaviais próximos à área urbana.
Nos últimos dias a equipe da Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros chegaram a atuar em três, até quatro chamados sobre incêndio, número acima do normal, conforme informou o secretário municipal de Segurança, Trânsito e Defesa Civil do município, Rômulo Gobbi. Em entrevista ao Jornal da Brasil e ao portal SBNoticias, ele falou sobre a situação no município, sobre a fiscalização, as penalidades para as pessoas que colocarem fogo em terrenos, lixo e materiais em áreas do município e pediu o apoio da população no controle.
“Na nossa região temos poucos fragmentos de mata nativa (pequenas áreas)
e hoje existe no maciço, a monocultura da cana de açúcar, e a cana tem
facilidade para se queimar. Qualquer inicio de fogo se alastra de uma forma
rápida, às vezes queima durante horas e dias. É um fator que exige maior
atenção. Para que isso seja controlado existem leis estaduais que determinam
que as usinas que plantam cana mantenham vigilantes 24 horas, o grupo de
bombeiros deles, que volta e meia esta ali apagando o fogo. Isso, na área privada. Na área pública, nos municípios, existe o
Corpo de Bombeiros atento para debelar chamas e existe o apoio da Defesa Civil
para auxiliar naquilo que for possível no combate ao incêndio”, explicou.
O secretário também alertou para os riscos à fauna e à flora
e a diminuição da qualidade de vida da população com o aumento dos problemas
respiratórios. “A princípio, se você colocar fogo numa
mata é crime ambiental. Se colocar num canavial não chega a ser crime
ambiental, é uma infração administrativa, é uma contravenção penal. Mas o
efeito disso para o ar é tão grande quanto se fosse da mata, porque a mata tem o
sistema de biodiversidade, que as vezes mata filhotes de pássaros, animais que ali vivem , e a cana
tem menos animais. Mas a umidade relativa
do ar é afetada, sofre com as queimadas
em excesso. Nos últimos dias nós tivemos queimadas
que fugiram do normal, três a quatro num dia.
Elas não são iniciadas sozinhas. É ação humana que causa um prejuízo tremendo
para a região. E por ser zona rural ,
extensa, a própria cana dificulta a fiscalização e o olhar, a gente tem notado
que a pessoa autora disso não é encontrada com facilidade”, afirmou.
Segundo Rômulo Gobbi, nessas queimadas que ocorreram houve a intervenção dos bombeiros, da usina e o auxilio da Defesa Civil. “Nós estamos atentos, estamos monitorando, mas é algo que muitas vezes só é combatido com contra-fogo ou com aceiro muito grande. Pra se ter uma ideia, tem canavial que quando pega fogo, as chamas chegam a 15 ou 20 metros de altura. Você não consegue enxergar próximo à chama. Dominamos com aceiro ou caminhão molhando aquele pedaço. É um trabalho árduo, e não é só em Santa Barbara. O Estado de São Paulo inteiro está sofrendo com essa seca no inverno , um pouco mais acentuada e com a umidade relativa do ar também baixa. Outro fator, o inverno não foi tão inverno neste ano por conta das mudanças climáticas. Está mais parecendo um período de semi-verão. Também isso auxiliou ai no número de queimadas acima do normal”, afirmou.
PENALIDADE: Quem for pego ateando fogo, seja na área rural ou na área urbana sofrerá multa, da Polícia Ambiental ou da
Guarda Civil Ambiental que passou a ter poder de polícia. “Hoje a Guarda Ambiental tem poder de polícia
para autuar as pessoas que colocam fogo nos terrenos baldios, lixo e materiais
na área do município. Antes não podia. Várias
pessoas já foram multadas. E dá para perceber que as queimadas que ocorriam com freqüência em terrenos baldios, hoje são
menos. As pessoas estão mais conscientes por conta dessa repressão da Guarda Civil
Ambiental . Era comum queimar lixo e ficar por isso mesmo. Hoje tem multa. Quando
os guardas são acionados eles vão e fazem a multa. No caso das usinas, da
situação da monocultura da cana de açúcar, o Estado, através da Policia Ambiental
com sede em Americana, é competente para
lavrar as multas no caso de matas na área rural e queimadas e a Guarda Civil no
caso da área urbana em terrenos e onde colocarem fogo”, esclareceu o secretário.
POPULAÇÃO PODE E DEVE AJUDAR NO CONTROLE : Até poucos anos atrás, era uma prática comum, queimar a palha da cana para fazer o plantio, mas com a nova legislação, essa cultura mudou e não é mais aceitável. “Já se provou que quando está queimando a palha da cana você está queimando o alimento da terra. Além disso, queima os microorganismos que sobrevivem ali na flor da terra. Eles é que fazem a degradação daquele alimento. Quando tem fogo queima tudo e aí não tem essa degradação. Então, como é inaceitável e como tem regras, hoje, importantes, as regras fizeram com que as queimadas da cana de açúcar viessem a ser zeradas. Nesse sentido a população tem obrigação de participar do controle ligando para o Corpo de Bombeiros (193), Defesa Civil (199) e Guarda Civil (153). É importante sempre ajudar a gente nesse sentido. Serão deslocadas as equipes e viaturas para debelar o fogo e também para tentar localizar o infrator. Quando é área urbana é fácil porque um vizinho aponta, mas quando é área rural é muito difícil. Nós pedimos que a população participe. Não intervenha diretamente, mas chame os profissionais para fazer isso. No máximo as pessoas podem ajudar, mas não agir sozinhas para debelar o fogo. Fazendo isso vai nos auxiliar a evitar que a umidade relativa do ar fique mais prejudicial à saúde do que já está.” completou.
(Fotos: Cláudio Mariano)