
Diante do anúncio feito na última quarta-feira, 24 de junho, pelo governador João Doria (PSDB) de que o Estado pretende executar um plano de paulatina volta às aulas na educação básica a partir de 8 de setembro, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) tem tomado o cuidado de ouvir especialistas, como epidemiologistas, sanitaristas e arquitetos para embasar seu posicionamento, tendo inclusive constituído no âmbito da Diretoria uma Comissão para tratar dessa questão.
De acordo com a presidenta da Apeoesp,
a deputada estadual professora Bebel (PT), os especialistas ouvidos nesta comissão e também
em debates que a entidade vem realizando afirmam que a suspensão das aulas
presenciais nas escolas brasileiras contribuiu decisivamente para que não
tivéssemos um quadro ainda mais grave na pandemia.
Com base neste posicionamento, a professora Bebel
reafirma que as escolas, portanto, devem ser as últimas a retornar às
atividades presenciais e, ainda assim, somente quando houver a drástica redução
da pandemia e a garantia de segurança sanitária para professores, estudantes,
funcionários e suas famílias. “Consideramos que este anúncio é prematuro e
precipitado, sem base científica, e poderá causar um recrudescimento do
contágio por coronavírus no Estado de São Paulo, que já é o epicentro da
epidemia no Brasil”, diz.
De acordo com Bebel, a Apeoesp aprofundará estudos e
realizará consultas a entidades de saúde pública e organizações representativas
da epidemiologia, pediatria e de arquitetura. “Acreditamos que a Secretaria
Estadual da Educação deve proceder da mesma forma, para evitar a tomada de
decisões que poderão trazer graves consequências. Frente a qualquer situação
que não leve em conta a crise sanitária e coloque em risco a vida de
professores, alunos e a sociedade como um todo, a Apeoesp debaterá a greve com
a categoria”, diz.
Para a presidenta da Apeoesp, hoje não existem as
menores condições para esse retorno e não há perspectivas de melhora nos
próximos meses. “Além da gravidade e extensão da pandemia, nossas escolas não estão
preparadas nem aparelhadas para isto. A precariedade é generalizada. A questão
arquitetônica das escolas é fundamental na prevenção e combate ao contágio e assim
é considerada no mundo todo para a retomada das atividades presenciais. Ocorre
que as condições estruturais das escolas da rede estaduais de ensino são
gravemente deficientes”, ressalta.
A professora Bebel enfatiza que a prevenção ao contágio do coronavírus exige ambientes ventilados e a luminosidade é essencial ao processo ensino-aprendizagem. No entanto,, grande parte das salas de aula em nossas escolas não apresentam condições mínimas de uso, sobretudo quando se trata de retomada de atividades presenciais no contexto de uma grave pandemia como a que vivemos. “Por isso, as subsedes da Apeoesp estão realizando um levantamento detalhado das condições das escolas e das salas de aula. No contexto atual, sem perspectivas de um rápido controle da pandemia, reafirmamos que deve ser mantida a utilização das tecnologias de informação e comunicação até dezembro, tal qual está ocorrendo nas universidades.
Para tanto deve ser construído um protocolo resultado de amplo
debate entre a Secretaria Estadual de Educação, a Apeoesp e demais entidades.
Ressaltamos que, em que pesem todas as nossas divergências com o Governo
Bolsonaro, o próprio MEC definiu pelo prolongamento do uso dessas tecnologias
até dezembro. (Portaria MEC nº 544,de 16 de julho de 2020)”, conclui.