No Dia da Indústria, 25 de maio, que homenageia seu patrono,
o engenheiro Roberto Simonsen, cofundador e presidente do Ciesp e Fiesp,
criador do Senai, falecido nessa data em 1948, é interessante observar como o
setor está presente em período integral no cotidiano de todos nós – da hora em
que acordamos até dormirmos. A roupa de cama, a pasta e a escova de dentes, o
fogão e a cafeteira, as embalagens, os rótulos e até alguns alimentos do café
da manhã, a roupa e os sapatos que vestimos, o elevador do prédio, o automóvel,
o ônibus, a motocicleta, a bicicleta ou o trem. Nossa mesa no escritório, o
celular e o computador. A televisão, o aparelho de som, a cama, o colchão e os
lençóis...
A indústria melhorou a vida das pessoas. Seu advento foi um
dos episódios que resultaram em mais mudanças positivas na História em todos os
tempos, não só pelo que fabrica e propicia em termos de conforto, segurança,
saúde, comunicação, mobilidade e acesso mais amplo e barato aos bens, devido à
produção em escala, como também em termos da reorganização política e
sociológica. A partir da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, na
segunda metade do Século 18, houve aumento da produtividade, aprimoramento das
relações trabalhistas, multiplicação de empregos, alterações no modo da vida,
novos padrões de consumo e reorganização mais democrática da sociedade, além de
evolução contínua em numerosos campos do conhecimento, ciência e pesquisa.
Não é sem razão que as nações mais ricas são aquelas que têm
forte base no chão de fábrica. Hoje, as que apoiam a atividade são as que vêm
conseguindo crescer mais e proporcionando maior qualidade de vida. Porém, em
nosso país, a indústria de transformação retrocedeu nas últimas quatro décadas,
premida por problemas como o que se poderia denominar “Síndrome do Eterno
Adiamento”, como o “Custo Brasil”, excesso de burocracia, dificuldades de
crédito e investimento, insegurança jurídica, ciclos longos de injustificáveis
juros elevados, aumento de custos do Estado e desequilíbrio fiscal. Responde
hoje por cerca de 11% do PIB, ante mais de 20% nos anos de 1980.
Apesar disso, e numa demonstração clara de seu potencial
desenvolvimentista, o setor é o que apresenta o maior multiplicador econômico,
é responsável por dois terços dos investimentos em P&D no País, paga, em
média, os salários mais altos, responde por desproporcionais 30% da arrecadação
de impostos e agrega os bens de maior valor à pauta de exportações. Por isso, é
prioritário revigorá-lo.
Precisamos, como na Inglaterra do Século 18, de uma nova
revolução industrial no Brasil, que já se realize no contexto da economia
circular, digitalização, descarbonização, Internet das Coisas, Inteligência
Artificial, Big Data e todas as tecnologias de ponta. O futuro já chegou, e é
sustentável e tecnológico. Mais uma vez, promoveremos avanços na civilização e
progressos sociais mais amplos. Precisamos garantir, entretanto, que o País
esteja na vanguarda desse processo, superando os obstáculos ao fortalecimento
da manufatura.
Temos trabalhado muito para isso no Ciesp e na Fiesp, tanto na proposição de políticas de Estado de longo prazo, horizontais, previsíveis, viáveis e com segurança jurídica, assim garantindo isonomia competitiva sem protecionismos. Bem como, na mobilização pela reforma tributária, já aprovada embora com distorções, a administrativa e numerosas outras medidas voltadas a dinamizar o ambiente de negócios e reduzir os custos impostos às empresas que operam no País. O fomento e a modernização desse setor, cada vez mais presente em nosso dia a dia, são fundamentais para um amanhã de prosperidade e bem-estar da população brasileira. Porque uma indústria forte, garante um país forte.
*Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do
Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice-presidente
da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).