14/05/2022 às 14:37:00
O Ministério da Saúde instalou uma sala de situação para
monitorar casos de hepatite aguda infantil de origem desconhecida. Segundo a
pasta, a proposta é apoiar a investigação de casos da doença notificados em
todo Brasil, além de levantar evidências para identificar possíveis causas para
a enfermidade.
Na última atualização realizada pela Secretaria de
Vigilância em Saúde do ministério, 44 casos da doença haviam sido notificados
no país. Desses, três foram descartados e os demais permanecem em
monitoramento. Os casos foram reportados nos estados de São Paulo (14), Minas
Gerais (7), Rio de Janeiro (6), Paraná (2), Pernambuco (3), Santa Catarina (3),
Rio Grande do Sul (3), Mato Grosso do Sul (2) e Espírito Santo (1).
A sala de situação foi aberta nesta sexta-feira (13), vai
funcionar todos os dias da semana e conta com a participação de técnicos da
pasta, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e de especialistas
convidados.
Além de monitoramento, a sala vai padronizar informações e
orientar os fluxos de notificação e investigação dos casos para todas as
secretarias estaduais e municipais de saúde, bem como para os laboratórios
centrais e de referência de saúde pública. "O objetivo também é contribuir
para o esforço internacional na busca de identificação do agente etiológico
responsável pela ocorrência da hepatite aguda de causa ainda desconhecida",
informou o ministério.
No último dia 10, a pasta participou de reunião com um grupo
de especialista junto à Organização Mundial da Saúde (OMS) e representantes de
oito países (Reino Unido, Espanha, Estados Unidos, Canadá, França, Portugal, Colômbia
e Argentina) nas áreas técnicas de emergências em saúde pública, infectologia,
pediatria e epidemiologia, para discutir evidências disponíveis até o momento.
Um dia antes, a pasta publicou uma nota técnica com
orientação para secretarias estaduais e municipais de saúde sobre a
notificação, a investigação e o fluxo laboratorial de casos prováveis de
hepatite aguda de etiologia desconhecida em crianças e adolescentes. Como as
evidências sobre a doença ainda são muito dinâmicas, a sala de situação deve
atualizar periodicamente as orientações.
O que se sabe
A hepatite de origem desconhecida já acometeu crianças em,
pelo menos, 20 países. A doença se manifesta de forma muito severa e não tem
relação direta com os vírus conhecidos da enfermidade. Em cerca de 10% dos
casos, foi necessário realizar transplante de fígado.
Segundo a OMS, mais de 200 casos, até o último dia 29,
haviam sido reportados no mundo, a maioria (163) no Reino Unido. Houve relatos
também na Espanha, em Israel, nos Estados Unidos, na Dinamarca, na Irlanda, na
Holanda, na Itália, na Noruega, na França, na Romênia, na Bélgica e na
Argentina. A doença atinge principalmente crianças com um mês de vida aos 16
anos. Até o momento, foi relatada a morte de um paciente.
Em comunicado divulgado no dia 23 de abril, a OMS disse que
não há relação entre a doença e as vacinas utilizadas contra a covid-19. “As
hipóteses relacionadas aos efeitos colaterais das vacinas contra a covid-19 não
têm sustentação pois a grande maioria das crianças afetadas não recebeu a
vacinação contra a covid-19”.
Em nota divulgada no início de abril, a Agência Nacional de
Saúde do Reino Unido, país com maior número de casos relatados, também informou
que não há evidências de qualquer ligação da doença com a vacina contra o
coronavírus. “A maioria das crianças afetadas tem menos de 5 anos, jovens
demais para receber a vacina”.
Sintomas
De acordo com a Opas, braço da OMS nas Américas e no Caribe,
os pacientes com hepatite aguda apresentaram sintomas gastrointestinais,
incluindo dor abdominal, diarreia, vômitos e icterícia (quando a pele e a parte
branca dos olhos ficam amareladas). Não houve registro de febre.
O tratamento atual busca aliviar os sintomas e estabilizar o
paciente se o caso for grave. As recomendações de tratamento devem ser
aprimoradas assim que a origem da infecção for determinada.
Os pais devem ficar atentos a sintomas como diarreia ou
vômito e a sinais de icterícia. Nesses casos, deve-se procurar atendimento
médico imediatamente.