23/06/2022 às 11:52:00
Uma operação no município
de Limeira mobiliza a Polícia Civil e Grupo de Atuação Especial de Repressão ao
Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Piracicaba nesta quinta-feira
(23) para o cumprimento de 12 mandados de prisão contra servidores,
ex-servidores e outros acusados de fraudes fiscais.
A Prefeitura do município
divulgou agora de manhã que por meio da Secretaria de Assuntos
Jurídicos, formulou representação em março deste ano junto à Delegacia
Seccional de Limeira requisitando ao delegado Antônio Luis Tuckumantel a
instauração de inquérito policial para investigação de atos de fraude relativos
a transferência irregular de propriedades e de cancelamentos de débitos fiscais
(dívidas de IPTU). A medida foi determinada pelo prefeito Mario Botion, logo
que o fato foi constatado pelas Secretarias de Urbanismo e de Fazenda.
Conforme a publicação, os
desdobramento da investigação resultaram nesta quinta-feira numa operação para
o cumprimento de 12 mandados de prisão contra quatro servidores municipais de
Limeira, dois ex-servidores também de Limeira, e mais seis pessoas. O grupo é
acusado de prática de fraudes fiscais que lesaram os cofres públicos do
município em pelo menos R$ 3 milhões, além de outros crimes, como corrupção
passiva e corrupção ativa. Vários mandados de busca e apreensão também estão
sendo cumpridos.
A Secretaria de Assuntos Jurídicos, além de encaminhar o
caso à Polícia Civil por meio de representação, também instaurou um
procedimento administrativo para investigação do caso no âmbito interno. A
representação pediu investigação dos responsáveis pela fraude e também dos
beneficiários do esquema. Diante da dimensão do caso, o Ministério Público e o
Poder Judiciário acompanharam a investigação.
"A Administração Pública não pode permitir em seu meio
pessoas que usem da fé pública para se beneficiar indevidamente, usando de
esquemas fraudulentos para enriquecimento ilícito", afirmou o prefeito
Mario Botion. "É nosso dever ético e um dever inerente ao cargo agir e
tomar providências, medida que adotei de forma imediata", emendou. Botion
ainda complementou: "o dinheiro dos impostos é necessário para manter o
serviço público que beneficia toda a população".
ESQUEMA
No momento em que o caso foi constatado em março, a
empresa fornecedora do software abriu o sistema de backup de segurança para
confrontação dos registros existentes com as movimentações dos dados, situação
que acabou por revelar divergências, além da criação de login de usuário falso.
A fraude se caracterizou inicialmente pelo cancelamento de dívidas.
Com a instauração do inquérito, as Secretarias de
Urbanismo, de Fazenda, Assuntos Jurídicos e Segurança Pública passaram a
fornecer à Polícia Civil todas as informações relativas à prática de fraude.
Com isso, os suspeitos - servidores, ex-servidores e outras pessoas - foram
identificados.
A Polícia Civil requisitou judicialmente a quebra dos
sigilos telefônicos dos suspeitos, e passou a monitorar conversas e movimentos
das pessoas investigadas. As escutas revelaram que vários suspeitos estavam
envolvidos nas práticas criminosas, inclusive com captação de clientes
interessados em cancelar suas dívidas.
Além da adulteração de documentos públicos e violação dos
sistemas, os envolvidos também forjaram escrituras públicas para fins de
registro em Cartórios de Imóveis de propriedades que tiveram os tributos
cancelados indevidamente. Os acusados ainda se valeram de coação a inquilinos
de imóveis fraudados, além de ameaça a servidores públicos.
As inconsistências confirmadas com a investigação envolveram
vários imóveis, além do cancelamento indevido de dívidas tributárias em torno
de R$ 3 milhões em valores atualizados.
A investigação policial irá também apurar e separar
aqueles que foram participantes do crime, para se beneficiar indevidamente das
baixas de dívidas e transferências de bens, daqueles que eventualmente foram
enganados ou envolvidos de boa-fé.
Promotores do Gaeco acompanharam toda a investigação,
fato que resultou nos pedidos de prisão e deferimento pelo juiz.
Com as apurações administrativas da Prefeitura, todos os
atos de baixa indevida de dívidas e transferência irregular de imóveis no
cadastro público serão cancelados, de forma que não haverá prejuízo aos cofres
públicos e aos proprietários originários dos imóveis que já foram
identificados.
O prefeito Mario Botion enalteceu o trabalho de
investigação da Polícia Civil e o Ministério Público, e também as secretarias
municipais. "Contamos o tempo todo com um importante trabalho policial,
que foi muito bem executado, e com toda colaboração das secretarias municipais,
que deram o suporte necessário as investigações", declarou. O prefeito diz
ainda esperar a condenação dos acusados. "Demos mais uma prova inequívoca
de realizarmos um governo pautado pela seriedade e integridade", afirmou.