Aumento do IPI - é hora de comprar?
05/01/2015
Muitas pessoas já estão adiantando compras de veículos em função da
previsão de fim dos descontos do IPI dados pelo governo nos preços desses para 2015. Caso isso
realmente ocorra, os preços desses bens aumentarão. Assim, o que fazer, comprar agora e pagar menos ou
correr o risco e deixar para o futuro, quando a situação financeira estiver melhor, mas, correndo o
risco de pagar mais?
A resposta não é tão simples como aparenta, pois o IPI (e seu
provável aumento) é apenas um dos aspectos a ser pensado antes de comprar um veículo. Com
certeza ele é relevante, podendo representar uma alta em torno de R$ 1.700,00, mas isso não pode ser o
motivo para comprar ou não o seu veículo.
É um grande erro pensar como a maioria dos
consumidores que só pensa no custo da compra e das prestações que pagará mensalmente,
esquecendo, que um veículo ocasionará diversos outros custos, que são conhecidos como despesas
de manutenção, combustível, IPVA, seguros, licenciamento, lavagens e, até mesmo,
possíveis multas. Em média, um veículo popular tem de despesas mensais por volta de R$ 380,00 a
R$ 500,00, muito maior que as prestações praticadas nos financiamentos.
Outro ponto que
deve ser levado em conta na hora da compra, é em que situação financeira a pessoa se encontra:
com dívidas, equilibrado e as poupador. Cada um desses grupos deve tratar a compra de um veiculo de forma
diferente.
A pessoa com dívida não deve nem pensar em comprar um veículo nesse
momento. A prioridade dela deve ser sair das dívidas e um custo a mais em seu orçamento é
praticamente assinar o certificado de falência financeira. É preciso, primeiro, resolver os problemas
com as finanças pessoais, reduzindo gastos desnecessários e, caso tenha o sonho de ter um
veículo, esse deve ser planejado em um prazo longo de tempo, quando, além do fim das dívidas,
essa pessoa já tenha feito uma poupança, que dará a garantia de que pode comprar o
veículo, tendo reservas para os gastos extras que terá.
As pessoas equilibradas
financeiramente são as que mais preocupam, pois, por não possuírem dívidas, pensam que
essa é a hora de "investir" em um novo veículo ou em trocar o que já possui, seduzidas pelas
promoções e pelo o que todos comentam. Mas elas não percebem que não possuem dinheiro em
caixa para comprar à vista e que terão que financiar. E esse é o grande passo para sair do
equilíbrio financeiro e cair nas dívidas, esquecendo da manutenção que este
veículo dará em seu orçamento financeiro.
A pessoa equilibrada deve refletir sobre
se realmente quer esse bem de consumo e, caso queira, iniciar imediatamente uma poupança, que terá como
objetivo a troca. Ao chegar ao valor necessário, comprar o veículo à vista, nunca se esquecendo
dos gastos extras mensais que um veículo representará em suas finanças pessoais.
Para as pessoas poupadoras, a situação, no momento, é de análise, tendo que refletir se
é realmente necessário um novo veículo. Se for e tiver dinheiro para compra à vista, essa
pode ser uma boa hora, visto que muitas montadoras realizam feirões com bons descontos e/ou
condições de pagamento. Se faltar alguma quantia que terá que financiar, é melhor guardar
mais até que compre à vista.
Caso a pessoa já possua um veículo e queira
outro, terá que refletir quais as vantagens de um novo carro e se os gastos de dois veículos não
são arriscados. Sempre reforço que um veículo não é investimento, em
função de sua rápida desvalorização. Por isso, o consumo de bens deve sempre estar
associado a reais necessidades e não a impulsos consumistas..
Reinaldo Domingos,
presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira, da DSOP
Educação Financeira autor de diversos livros sobre o tema.