Ainda as enchentes em Santa Bárbara d' Oeste

Por Por Prof. Gilson Alberto Novaes * 12/02/2025

Fazer um relato histórico sobre as enchentes em nossa cidade, me pareceu ser do agrado dos meus leitores! Continuemos com a história! 

Essas enchentes recentes nos fizeram e fazem refletir sobre como tudo isso pode ter acontecido. Já disse que não estamos à caça de culpados e nem tampouco que temos a solução!

Em 1961 eu era radio-operador da Rádio Brasil. Tinha 13 anos! Lembro-me muito bem, que o grande estrago que as enchentes faziam na época, era apenas tirar a Rádio do ar, pois seus transmissores ficavam bem no meio do “brejão” e seus equipamentos ficavam inundados!

Onde hoje temos o Parque dos Ipês, nos anos 60 tínhamos uma grande área alagadiça e por isso, os barbarenses deram-lhe o nome carinhoso de “brejão”. O brejão foi desapropriado pelo Prefeito Walter Landucci (1973/76) junto à família Sartori, então proprietária da área. Seu sucessor, o Prefeito Isaias Herminio Romano (1977/82), logo no início de seu governo tratou de buscar junto ao governo federal, verba para se construir ali um Centro Social Urbano, que até pouco tempo, foi palco de grandes eventos populares em nossa cidade. Acompanhei com ele todas as tratativas, pois na época eu era Presidente da Câmara de Vereadores.

Nessa época nossa cidade tinha aproximadamente 30 mil habitantes. A zona leste estava dando seus primeiros passos, com dezenas de loteamentos clandestinos, que foram, corajosamente, legalizados pelo prefeito Romano. Não tínhamos, na região central, boa parte dos loteamentos que vieram depois disso, em regiões ribeirinhas, tais como Jardim Conceição, Jardim Santa Alice, Jardim Batagin, e outros. Isso fazia com que os alagamentos fossem bem menos traumáticos do que hoje!

As enchentes começaram mesmo a preocupar, logo no início do governo do Prefeito José Maria de Araújo Jr. (1983/1988). Como já disse, em seu primeiro dia de governo, teve que socorrer vários bairros, principalmente a região do Jardim Batagin. Eu estava junto! Era seu Secretário de Governo, (Vereador licenciado), e pude acompanhar tudo!

Já disse que vários prefeitos se empenharam, a partir da década de 70, em reservar nossa água - de excelente qualidade - distribuí-la para uma cidade em acelerado processo de crescimento demográfico, além de controlar as enchentes. 

Recentemente tivemos, em razão do Corredor Metropolitano, o alargamento do chamado “pontilhão da FEPASA”, grande ponto de estrangulamento no escoamento das águas do Ribeirão dos Toledos. Isso substituiu as constantes presenças das dragas às margens do Ribeirão, na tentativa de desassoreá-lo! Achávamos que, com o alargamento do pontilhão, a solução estaria encontrada. Não estava! 

Essa última enchente mostrou a todos, e deve mostrar também para nossos governantes, que o assunto é mais profundo e precisa de sérios estudos técnicos. O volume de água, e a rapidez com que ela chegou, merece ser estudado melhor!   

Não basta culpar a natureza! O rio só queria passar! 

* Gilson Alberto Novaes é Professor Universitário aposentado - Direito Eleitoral e Ciência Política. 

Mestre em Comunicação Social e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura) 

E-mail: [email protected]