Empresa Star Colours de Santa Bárbara ajuda na criação de tecido que elimina o COVID-19

Por Redação/ com informações do O Liberal 21/06/2020 às 12:21

Em Santa Bárbara d'Oeste uma empresa de produtos químicos ajudou na criação de um tecido capaz de eliminar o novo coronavírus (COVID-19). 

A própria empresa barbarense ficou responsável pela comercialização para a indústria têxtil de produtos reforçados com essa tecnologia, como máscaras de proteção e roupas hospitalares, que já devem estar no mercado nas próximas semanas.

E foi através de pesquisadores da empresa paulista Nanox, apoiada pelo Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), que  desenvolveram um tecido com micropartículas de prata na superfície que demonstrou ser capaz de inativar o novo coronavírus.

Em testes de laboratório, o material foi capaz de eliminar 99,9% da quantidade do vírus, após dois minutos de contato.

E assim a empresa Star Colours, que fica no Distrito Industrial barbarense desenvolveu toda a parte de aplicação das micropartículas no tecido, que é composto de polyester e algodão.

O material

O tecido é composto por uma mistura de poliéster e de algodão (polycotton) e contém dois tipos de micropartículas de prata impregnadas na superfície por meio de um processo de imersão, seguido de secagem e fixação, chamado pad-dry-cure.

A Nanox já fornecia para indústrias têxteis e de diversos outros segmentos essas micropartículas, que apresentam atividade antibacteriana e fungicida, e em tecidos evitam a proliferação de fungos e bactérias causadoras de maus odores.

Com o surgimento do novo coronavírus e a chegada da pandemia no Brasil, os pesquisadores da empresa tiveram a ideia de avaliar se esses materiais também eram capazes de inativar o coronavírus, uma vez que já havia sido demonstrado em trabalhos científicos a ação contra alguns tipos de vírus.

Testes

Para realizar os ensaios, a empresa se associou a pesquisadores do ICB-USP, que conseguiram logo no início da epidemia no Brasil isolar e cultivar em laboratório o coronavírus obtido dos dois primeiros pacientes brasileiros diagnosticados com a doença no Hospital Israelita Albert Einstein.).

Amostras de tecido com e sem micropartículas de prata incorporadas na superfície foram caracterizadas por pesquisadores da Universitat Jaume I e do CDMF por espectroscopia e colocadas em tubos contendo uma solução com grandes quantidades de coronavírus, crescidos em células.

As amostras foram mantidas em contato direto com os vírus em intervalos de tempo diferentes, de dois e cinco minutos, para avaliar a atividade antiviral.

Os experimentos foram feitos duas vezes, em dois dias diferentes e por dois grupos diferentes de pesquisadores, de modo que a análise dos resultados fosse feita de forma cega.

Os resultados das análises por quantificação do material genético viral por PCR indicaram que as amostras de tecido com diferentes micropartículas de prata incorporadas na superfície inativaram 99,9% das cópias do novo coronavírus presentes nas células após dois e cinco minutos de contato. “A quantidade de vírus que colocamos nos tubos em contato com o tecido é muito superior à que uma máscara de proteção é exposta e, mesmo assim, o material foi capaz de eliminar o vírus com essa eficácia”, diz Lucio Freitas Junior, pesquisador do laboratório de biossegurança de nível 3 (NB3) do ICB-USP.

“É como se uma máscara de proteção feita com o tecido recebesse um balde de partículas contendo o vírus e ficasse encharcada”, comparou o pesquisador.

Além de testes para avaliação da atividade antiviral, antimicrobiana e fungicida, o material também passou por ensaios para avaliação do potencial alérgico, fotoirritante e fotossensível, para eliminar o risco de causar problemas dermatológicos.



Foto: Divulgação