O Cemitério do Campo, localizado na cidade de Santa Bárbara d'Oeste
comemora no dia 13 de julho de 2018, 150 anos desde a sua fundação. Ele é um
marco vivo da única imigração em massa de estadudidenses para o Brasil e possui
um valor histórico incalculável para a sociedade brasileira e para a nossa região.
Lá estão enterradas pessoas que contribuíram significativamente para o progresso
econômico, social e educacional do Brasil, cujos resultados são colhidos até os
dias de hoje.
A origem do Cemitério do Campo está atrelada com a imigração
estadunidense promovida pelo governo monárquico brasileiro após a Guerra da
Secessão nos Estados Unidos da América. Dentre os primeiros imigrantes a
chegarem no Brasil, em meados 1865, está o Coronel Asa Thompson Oliver, oriundo
do condado de Waller, Estado do Texas. Após alguns meses visitando alguns
estados brasileiros, o Coronel Oliver adquiriu uma fazenda na região da cidade
de Santa Bárbara d'Oeste conhecido até então como “Campo” e enviou
correspondência para sua esposa Beatrice para que imigrasse com a família para
o Brasil. Em 1867, durante a viagem para o Brasil a Sra. Beatrice contraiu
tuberculose vindo a falecer em 13 de julho de 1868 na fazenda do Campo. Para a
surpresa do Col. Oliver, o padre da cidade não permitiu o enterro da Sra.
Oliver no cemitério municipal, que era de propriedade da Igreja Católica, pois
a família não era católica e sim protestante. Sem alternativas, o Col. Oliver
decidiu enterrá-la na própria fazenda. Sendo assim, o túmulo de sua esposa se
tornou a primeira sepultura do local que tornaria-se o que é hoje o Cemitério
do Campo. Dois anos depois, a tuberculose consome a vida da filha mais velha do
casal e em 19 de abril de 1869, ela é enterrada ao lado da mãe. Contudo, é com
o falecimento do pequeno Henry Bankston em 07 de julho de 1869, o qual também não pode ser enterrado no cemitério
municipal, faz com que seus pais, imigrantes estadunidenses residentes na
região, solicitem ao Col. Oliver a destinação da área para a criação de um cemitério.
Assim, nascia o Cemitério do Campo, também conhecido como Cemitério dos
Americanos.
Entre os anos de 1875 a 1954, foi a família Bookwalter a responsável
pela manutenção do local. Em 1º de agosto de 1906, o então intendente municipal
Thomas Alonso Keese, publica a Lei Municipal No 57, regulamentando o
Cemitério do Campo. Em 1954, é fundada a Fraternidade Descendência Americana (FDA)
que assume a responsabilidade de manutenção de toda a área do Cemitério do
Campo. Em 1983, Ross Emory Pyles e sua esposa Maria Helena de Oliveria Pyles,
doam a área do cemitério para a FDA.
O Cemitério do Campo é o local onde se consolidou a 1ª Igreja Batista do
Brasil (10/09/1871), a 1ª Igreja Metodista
do Brasil (20/08/1871) e a 1ª Igreja Presbiteriana da Junta de Missões dos
Estados Sulistas dos EUA no Brasil (26/06/1870). Lá estão enterradas
personalidades importantes da imigração, como Col. William H. Norris,
responsável pelo agrupamento na região da cidade da Americana; Joseph Witaker,
que introduziu o cultivo da melância da variedade Cascavel da Georgia; Dr. Cícero Jones e Dr. Robert Cícero Norris,
renomados médicos da nossa região da época e Jonh Dunn, o 1º fabricante e
importador de implementos agrícolas.
Há também ilustres desconhecidos que, diretamente ou indiretamente,
contribuíram para a criação e desenvolvimento de escolas no estilo do padrão americano como a
Universidade Mackenzie, o Colégio Piracicabano e UNIMEP, a Universidade Federal
de Lavras; as indústrias locais, como a indústria Têxtil Carioba, as Indústrias
Romi, Nardini, Sans, entre tantas outras, como por exemplo, a estação de trem
de Americana.
Hoje em dia, o Cemitério do Campo é um local de visitação de turistas e
estudantes do Brasil e do mundo, que desejam conhecer um pouco mais sobre o
legado da única emigração da história dos EUA. Anualmente, a Fraternidade
Descendência Americana realiza a Festa Confederada no local, preservando e
divulgando a cultura estadunidense para milhares de visitantes.