Entre os
especialistas, existe certa unanimidade ao apontar duas razões principais. A
primeira delas é a falta de inovação. Uma empresa precisa se renovar ao longo
do tempo. Manter-se estática, inerente às transformações do mundo, é o primeiro
passo para o fracasso. Produtos, serviços e principalmente o modelo de gestão
de negócios, precisam de novidades capazes de acompanhar as evoluções. A
segunda razão é a ausência de um planejamento sucessório consistente.
De acordo com o
estudo da PWC, apenas 19% das empresas familiares possuem um plano para isso.
E, nesse sentido, cabe destacar que sucessão não quer dizer apenas passar o
bastão para filhos, netos ou outros parentes. Cada vez mais, as empresas estão
buscando profissionais no mercado para garantirem a continuidade do negócio.
Independentemente de ser um familiar ou não, o mais importante é que os líderes
sejam pessoas muito bem preparadas para tal função.
Esse é um ponto muito
importante de se analisar. Muitas vezes, a empresa encontra opções de pessoas bastante
capacitadas dentro da família, mas é preciso saber exatamente se o “escolhido”
deseja assumir essa responsabilidade. Muitos filhos crescem ouvindo dos pais
que eles serão seus sucessores, mas é necessário entender se é esse mesmo o
desejo do filho. Assumir uma empresa simplesmente para atender aos anseios do
pai pode não ser a melhor a alternativa.
Partindo do princípio
que o herdeiro quer dar continuidade à empresa, o próximo passo é verificar se
ele reúne as características ou habilidades necessárias para dirigir o negócio.
Aí, não se deve poupar esforços no seu desenvolvimento pessoal. É preciso
investir em cursos, treinamentos e, principalmente, em vivências na empresa. A
combinação entre teoria e prática deve ser equilibrada. De nada adianta uma
formação exemplar se não houver conhecimento sobre o dia a dia da operação.
Enquanto adquire
conhecimentos, o herdeiro deve fazer parte da equipe da empresa e, de
preferência, passando por todas as áreas. Dessa forma, ele irá ganhar não só
experiência, mas também maturidade sobre o negócio. Outro ponto importante é
realizar uma estruturação geral da empresa antes mesmo de fazer a sucessão.
Quem está no comando precisa garantir que o negócio esteja no caminho certo. Se
assumir uma empresa que vai mal, dificilmente o herdeiro terá condições de
colocá-la no caminho do sucesso.
Caso não haja
herdeiros interessados ou preparados, a empresa deve recorrer a profissionais
do mercado. Pode ser mais custoso, mas será a única alternativa. Nesses casos,
tanto o dono quanto os herdeiros passam a fazer parte de uma espécie de
“Conselho” e, certamente continuam se beneficiando dos resultados da empresa -
afinal, eles são os donos. No entanto, as decisões ficam a cargo dos executivos
que comandam a operação.
Mesmo com um profissional do mercado, a estruturação geral da empresa também se faz necessária antes da saída do dono do comando. O próprio profissional pode, inclusive, auxiliar nessa estruturação, beneficiando-se do conhecimento, experiências e vivências do dono. A única coisa que não pode é simplesmente ignorar a necessidade de planejar a sucessão. Esse é um erro comum e devastador para a maioria das empresas familiares.
Denis Luna é empresário, treinador de empresários e sócio da ActionCOACH São Paulo.