Analisando os sinônimos da palavra essência, saltam-nos aos
olhos alguns deles: natureza, substância, âmago, cerne, fundamento e sentido,
dentre outros. Posto isso, perguntamo-nos: “O que é a água?” Há muitas
respostas à questão formulada; deixaremos que os leitores pesquisem e encontrem
as respostas, dentro dos escopos físico, químico, biológico e outros e levando
a palavra essência em consideração de forma verdadeira e substancial.
Para nós, no dia a dia, a água é um
líquido necessário e insubstituível, diretamente relacionado com a nossa
sobrevivência. Sem ele, todos o sabem, não existiríamos. É, destarte, a
salvação da humanidade: ela lava, desintoxica, fertiliza; purifica o ar que
respiramos, com as suas precipitações; oferece-nos lazer, como o surfar, o
esquiar; permitiu ao homem, em seus primevos estágios evolutivos, sair da forma
sedentária de vida, podendo plantar grãos e criar animais em cativeiro, em
sítios próximos de sua morada; que seriam das atividades agroindustriais, das
produções de bens de consumo. Enfim, é infindável a lista dos segmentos que
esse mágico líquido participa.
A água é o maior artista da
humanidade. Entre suas atividades de escultor, destacamos suas nascentes, donde
vem os cursos dos rios, com seus meandros e reentrâncias, delineando todo um
perfil topográfico, advindo daí os cânions, os precipícios e as planícies que
todos observamos maravilhados. Também, as cachoeiras em suas magníficas
quedas, que diante de um rigoroso inverno, congelam criando formas as mais
variadas.
Toda essa paisagem consagrada,
formando verdadeiras pinturas que se instalam em nossas mentes. O vento
colabora com a água, produzindo melódicas notas musicais que oscilam desde a
delicadeza até o horror das tempestades. Sua inconcebível importância é
ressaltada nos áridos desertos, quando ao advento de suas precipitações, faz
florescer a vida em toda a sua pureza e força; diremos, então: “A Natureza
agradece”. Ou seja, todos os componentes de Gaia, a nossa Terra, reconhecem
sobremaneira a existência da água.
Apenas o homem, o ser dominante sobre
todos, não reverencia o líquido da vida como deveria ser feito. Não cuida dele,
preservando o seu local de origem, desvia seus cursos naturais para reservá-lo
em enormes represas, não importando os danos ecológicos causados. Deposita os
seus detritos existenciais em quaisquer lugares; vejam as enormes quantidades
de lixo nas canalizações de águas fluviais e pluviais, que através dos
entupimentos das tubulações provocam ou agravam ainda mais os nefastos
efeitos das enchentes.
O homem do século XXI não aprendeu a
cuidar de seus restos; a Engenharia e a Arquitetura são das principais
atividades profissionais, definidoras do modus
operandi, de como dirigir a atitude do homem no sentido de sensibilizá-lo
quanto ao modo de agir, mudando as concepções existentes de: “Eu jogo aqui; o
Setor Público que se vire e revire para resolver”. Quanto a este, deveria
dirigir seus recursos em prol das defesas da vida e da água, não liberando a
construção de loteamentos em áreas alagáveis, executando obras duradouras e
eficazes; em, assim fazendo, daria o exemplo a ser seguido, sendo que a
conscientização das pessoas viria a reboque no intuito da conservação e
respeito para com o seu semelhante, já que o que se pratica a montante, reflete
diretamente à jusante.
Haveria muito mais a ser dito, muito
mais a ser colocado; seria necessário elaborar inúmeros compêndios englobando a
água como tema principal. Até, queremos crer que o entendimento dos escritos
seria de facílima compreensão, já que como é sabido, dependemos da água de uma
forma irreversível, inclusive em nossa constituição corporal e na preservação
de nossa saúde.
As
Entidades de Classe e os Setores Públicos em geral tem papel primordial em
perseguir esses intuito e objetivo preservacionistas. Devem sistematicamente
educar, conscientizar, fiscalizar e cobrarem-se mutuamente, os resultados
necessários e imprescindíveis a nossa conservação e sobrevivência, dentro das
Ética e Moral reinantes, sendo retos e rígidos no agir. Há que todos
entendermos que os tempos do “jeitinho brasileiro” terminaram.
Particularmente, vejo as atuações do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura e do Conselho de Arquitetos e Urbanistas, subvencionados por suas associações, com quesitos e qualificações que podem dirigir os esforços de toda a comunidade em prol dos objetivos acima elencados. Com certeza, os desastres provocados pelas inundações causados pelas fortes chuvas, poderiam ser eliminados e amenizados, preservando as vidas e a natureza. Então, mãos a obra engenheiros, arquitetos, técnicos e tecnólogos: “Construamos um mundo melhor, num futuro habitável, através da conscientização e das responsabilidades comunitária e ambiental com o uso da melhor técnica disponível ao nosso alcance”.
Aléssio Biondo Junior
Engenheiro civil e vice-presidente da AEAS (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sumaré)